Um espanto! Talvez seja a melhor palavra para descrever a aventura do alien perdido na Terra e do seu amigo Elliott em perseguições animais com bicicletas iradas, esconde-esconde da família, dos militares e de quem mais pudesse ameaçar a criatura de pescoço longo e dedo reluzente.
Aos cinco anos de idade viajei ao cinema acompanhando pela família e alguns amigos para ver o novo sucesso de Steven Spielberg. O ET, definitivamente não era um filme de terror, mas me assustou tal como. Uma das cenas que mais me apavorou foi a da fruta rolando de dentro de uma espécie de dispensa no quintal do jovem Elliot. O assombro era simples de entender, minha casa no bairro do Telégrafo sem fio possuía um gigantesco quintal com uma enorme árvore de manga ao fundo.
O nosso quintal não era iluminado. Eu podia jurar que via seres estranhos que sumiam em buracos ocultos ou voavam rumo às estrelas. De uma janela do meu quarto era possível olhar para aquela escuridão toda e imaginar também um ET saindo do escuro com uma daquelas frutas jogando minha direção. Essa imagem me dava arrepios.
No ano seguinte após o lançamento eu já estava mais crescido. Meus seis anos de vida eram visíveis. É verdade que não tinha toda aquela altura que nunca tive e a barba na cara que aos seis anos era meu sonho.
Voltando ao ano seguinte…
Havia um amigo rico que tinha na sala de sua casa uma Televisão de 42’ polegadas ligada a um sistema de caixas que deixavam aquele espaço um verdadeiro cinema de tela pequena. Na época não tínhamos a imagem de um CD ROM ou Blue Disc, tudo se transformava em magia pela tecnologia do antigo Vídeo cassete e suas fitas em VHS. Imagine você naquela época com equipamentos destes. Aquilo era o suprassumo para diversão. Vou ‘chutar aqui’, talvez umas 20 pessoas tivessem isso na cidade de Belém em 1983.
O que gostaria de contar, era que depois de superar a cena aterrorizante um ano atrás, eu me via agora com a mesma cena e um ET da tela pequena de 1983 revivendo aquela sensação de pavor de antes. Mesmo assim, tudo aquilo foi mágico, até o pavor causado pelo simpático alienígena e seu longo pescoço.
Esqueci de contar sobre a pipoca e a Coca-Cola, itens indispensáveis para uma boa tela pequena( esse resumo já basta para explicar a sensação de prazer).
Viva longa as aventuras do simpático ET de tela pequena que hoje assisto 33 anos depois com o mesmo espanto de antes…